segunda-feira, 6 de setembro de 2010

INICIAÇÃO

Após passar por todas as sindicâncias, enfim marcou-se a data de minha iniciação. Conduzido ao templo pelo Ir.: Hélio, mergulhei na escuridão/isolamento por um determinado processo de introspecção, caminhada, retirada na gruta interior, diante dos dizeres alertadores, da consciência da morte, da palavra VITRIOL, que em latim significa “VISITA INTERIORE TERRAE, RETIFICANDO QUE INVENIES OCULTUM LAPIDEM”, traduzida ao português como “VISITE O INTERIOR DA TERRA E, RETIFICANDO ENCONTRARÁS A PEDRA OCULTA”, iniciei-me conforme vós todos presenciaram.

Na reunião seguinte, aprendi alguns segredos do g.: apr.: tendo por base o número 3, conseqüente ao n.: e ao p.: O Ir.: M.:.CCer:. ensinou-me a M.:, como se faz a E.: juntos com um S.: um T.: e uma P.:S.: ; P.:S.: que significa FMA, ligada à c.:n.: do templo, no ocidente.

Falou-se também na P.:Sem.: que remonta aos cultos dos solstícios dos antigos. Pelos três passos com a idade de T.: A.:. se inicia a experiência do Apr.:

Percebi a cosmopolidade da Maçonaria, embora as diferenças dos ritos ou graus e recebi o T.:F.:A.: Esta universalidade é um fator até difícil de se entender, porque sendo que nós somos frutos de uma cultura, temos a tendência de sobrelevar nossos costumes, crenças, etc sobre os demais. Mas o maçom não abandona a sua cultura, inclusive cuida dela com amor e carinho, porém é tolerante, compreensivo e ético ao ponto de perceber nas outras culturas pontos em comuns com a sua.

Tudo isto sob a orientação do V.:M.: Pelo 1º. V.: fui reconhecido através do S.:T.:P.:S.:. e com o 2º. V.: comecei a desbastar a P.:B.:

Eu que estudo rosacrucianismo, pitagorismo e cabala, neste dia, tive uma experiência totalmente diferente e inesquecivel com o número 3, porque naquela ocasião eu não estava estudando teoria no papel, mas praticando o nº 3 , prática esta que traz resultados fenomênicos para a alma.

Outro fator interessante foi quando comecei a bater na P.:B.:, diante do 1º. V.: A gente que já construiu casa e que de vez em quando colocou a mão mesmo na massa, sabe o que significa uma construção, uma maceira, uma lajota assentada. Porém, naquele momento eu estava iniciando uma batida dentro do meu ego, que é uma P.:B.: então isto moveu demais a minha consciência.

O que mais me encantou é que na Maçonaria não se procura destruir o ego, como se ele fosse um arquiinimigo. Mas o que se faz é transformá-lo, levando em consideração que ele tem todas as possibilidades para ser burilado e transcendido, aproximando-se de uma polidez que reflita com mais intensidade o nosso Eu Divino.

Outro ponto interessante é quando o V.:M.: mostra a régua de 24 p.: Senti a responsabilidade que tenho nas 24 hs do dia. Percebi o sentido da máxima antiga: orai e vigiai. Decidi conscientizar-me de cada dia no que estou pensando, fazendo, propondo e renovando com novas atitudes.

O 1º.: V.: mostra o m.: Lembrei-me que em latim, laboratório, vem de labor que é trabalho e oratório que é orar. Daí vem a necessidade da paz interior no trabalho de cada dia. Intuí que nós temos muito cuidado e piedade de nós e muito pouco cuidado e piedade dos outros. Em síntese, cobramos mais do que oferecemos para os outros.

O 2º. V.; mostra o c.: Compreendi a necessidade de darmos beleza a tudo o que fazemos. Todo este trabalho deve ser feito em nós de forma que reflita na sociedade. O homem que sonhamos lá fora, precisa nascer a partir de nós, porque o homem que deve ser modificado e que está mais perto de nós, somos nós mesmos e não o nosso colega, filho, esposa, vizinho, amigo, etc. Todos estes vão mudar a partir da mudança que tivermos.

Assim vem esta reflexão sobre nós, pois a reflexão é um movimento que o pensamento faz sobre o pensamento de forma a avaliar-nos. É o pensamento pensando o pensamento.

Pensei nas provas e nos simbolismos maçônicos. Verifiquei que as provas são eternas, para a vida toda, mas a maçonaria está no caminho certo ao usar com discernimento o simbolismo, porque ele é o arquético que move o mundo. O símbolo é a raiz mãe das coisas. Quem estuda símbolos consegue ler o universo. Ele é uma espécie de matriz inicial. Um exemplo: a gente vê o fenômeno, mas não vemos o que está por trás dele, que é o nomenon. Só o símbolo pode nos ajudar a compreender um pouco disto. Então praticando a maçonaria, o maçom tem condições de vencer todas estas provas que chegam. Na antiquidade, quando os místicos queriam levar algum conhecimento ao público, para escapar das perseguições, usavam as histórias infantis, que são conhecimentos esotéricos transvestidos de histórias para crianças, através de símbolos.

Entendi o bem e o mal tão próximos, mas o mal não é colocado ingenuamente como uma superstição, como algo diabólico, terrorífico, mas como algo que deve ser trabalhado pelo bem que se encontra em toda a parte.

Isto é psicologicamente muito importante, pois se uma pessoa colocar o mal e o bem como uma luta infernal, o que se faz é sustentar cada vez mais um dos pares do oposto, cuja direção será sepultar o outro lado.

No final de tudo, em vez de um santo, teremos um monstro soterrado, que de vez em quando emerge e para naufragá-lo de novo, se junta mais forças, etc... etc..Mas a forma como a Maçonaria trata esta questão dá resultado positivo e benéfico para a alma e a humanidade, porque o espaço do mal é preenchido pela energia do bem.

Então a Maçonaria nos mostra a possiblidade da larva, a forma semântica da semente que temos em nós, o poder atômico de nossa alma que pode se mover para o crescimento de cada um de nós e da humanidade.

A Maçonaria nos dá a forma e as ferramentas como trabalhar com o pensamento positivo e alcançar resultados visíveis aos nossos olhos e olhos de todos.

ALÉM DA INICIAÇÃO

Além da iniciação, os seres já se percebem, pois estão estáveis e firmes, já não são iniciantes, mas se contemplam como iniciados. Não só trabalharam as pedras, como também aprenderam a imutabilidade do conhecimento com o bronze e no interior das colunas se debruçaram sobre os tesouros dos antigos.

Não se perderam na superfície e exploraram o mistério além da imaginação, mas com ferramentas precisas para se guiar com retidão, sobre a lei dos contrastes, visível no pavimento mosaico.

Continuam como símbolos de esforço e dedicação, de generosidade com avaliação, para não perderem o rumo do caminho do meio. Não escapa de seus raios de visão, sua estrela guia que os ensina a controlar os elementos da matéria e permanecer no seu foco, no seu emblema do poder da vontade.

Como na ioga, trabalhando o há, a energia solar e o tha, a energia lunar, sua estrela se complementa na lei do triângulo, conseqüência do hathaioga.

Compreendem nas jóias fixas e móveis seus valores mais profundos e simbólicos. No esquadro percebem a entalhe que as pedras terão. No nível e no prumo sua horizontalidade e sua verticalidade.

Assim corrigimos nossos defeitos, alcançamos a igualdade e nos elevamos acima das mesquinharias cotidianas. Exercitamos e ajustamos nossos instrumentos nas pedras e percebemos na prancheta, os planos que os mestres nos traçaram.

Seguimos o curso real da luz. Estamos trabalhando ao S.: ao lado de nosso M.:, com muita dedicação e liberdade. Compreendemos a busca pela homonolidade, através da quintaessência da manifestação do Ser, sobre a temporalidade da matéria, estudando profundamente os cinco sentidos, para perceber com uma quinta dimensão a-temporal, a verdadeira movimentação energética que existe por trás de tudo que se manifesta.

ALGUMAS INSTRUÇÕES

É chegado o momento da revisão, do voltar-se sobre si mesmo, o que parece uma expressão pleonástica, mas esta partida com o pé direito, pretende ir além do momento iniciático.

Necessário se torna, ir mais adiante do aparente e encontrar o real, como a grande revolução copernicana, que substitui o geocentrismo pelo heliocentrismo, mudando a visão da humanidade sobre a relação de movimento entre a terra e o sol.

Fenomenologicamente falando, é mister observar o objeto sobre todos os ângulos, não só físicos, como a priori, antes de sua aparência, para compreender que sua manifestação é apenas um fator a mais do grande movimento que o sustem.

Não é o abandono total de seus utensílios de trabalho, que marca sua quinta viagem. Melhor seria dizer, uma forma de desapego, de desprendimento, à segurança que eles forneciam, para alcançar mais firmeza interior consigo mesmo, reconhecendo o universo da liberdade, mas vencendo com passos decisivos as limitações dos erros e dos vícios. Portanto, esta imediata ausência de instrumentos de trabalho, serve como uma oportunidade para reconhecer além de seus limites o poder de suas possibilidades.

São momentos marcantes também. A lembrança da iniciação se faz imediatamente com a espada retornando ao seu peito, porque agora ele deve estar consciente do funcionamento de sua racionalidade. Portanto, não poderá usar a razão sem passar pela lente da auto-observação consciente.

Reconhece na dor o fermento para alcançar a sabedoria, para desenvolver os sentidos e as faculdades e nesta viagem inversa, encontra significado dentro do coração, de que a liberdade se encontra com esforços definitivos.

Avalia a voz de sua consciência e o jogo entre o passado e o presente, compreendendo que seu caminho é livre e libertário; assim ele deve buscar pela régua, sua grande companheira de peregrinação.

Portanto, esta espada sobre o peito, é a mensagem do Portal de Delfos; a grande indicação, de que o homem deve primeiro conhecer-se a si mesmo, respondendo à pergunta “o que somos”.

Somente quem conhece a si mesmo, tem a possibilidade de conhecer o universo e de se reconhecer em cada seu semelhante.


O alvorecer da reflexão se dá quando o pensamento não só pensa, mas já observa o que pensa, ou seja, o pensamento pode a partir deste momento pensar o pensamento. Tudo começou em Mileto, um porto às margens da Ásia Menor, na região da Jônia, com o filósofo Thales, perguntando “o que é isso?”, isso significando o cosmos. Buscou na água a resposta que necessitava. Seu discípulo Anaximando procurou no a-peiron, no infinito, a origem cósmica ilimitada e eterna. O discípulo deste, chamado Anaxímenes, procurou no “pneumas”, o ar, a sua elucidação. O jônico Heráclito de Éfeso, já estava à busca do logos, ou seu significado, que transcendia um princípio dinâmico. Pitágoras, que muito tem a ver com o final numérico desta instrução, formulou um cosmo essencialmente musical e geômetra. É interessante observar que ele acreditava na imortalidade da alma e que a vida correta só poderia ser alcançada seguindo a princípios matemáticos harmoniosos. Ensinou em vários pontos da Magna Grécia e ministrava suas aulas numa caverna, por trás de uma cortina. Seus ensinamentos coincidem com o final desta sexta instrução.

O ser humano sempre esteve diante de pequenas questões e de grandes questões, variando suas formas conforme suas épocas. As pequenas questões sempre encontraram respostas no senso comum, mas as grandes questões necessitam, devido à sua abrangência, de uma forma além da usual de pensar, para que sejam respondidas.

Hoje se confunde a dificuldade de se elucidar as questões intrínsecas pela quantidade maior ou menor de informações para solucioná-las. Como se vê, dá-se uma ênfase maior à busca exterior, do que à reflexão interior. Tornou-se fácil, para o pensar da maioria, responder coisas difíceis, apertando apenas alguns botões do computador e retirando dali um enunciado. Vejam: as grandes questões não comportam estes tipos de arautos do rei. Certamente que se temos questões técnicas, buscaremos ancoradouro na sistemática das informações tecnocráticas.

Se temos questões cotidianas, deveremos resolvê-las em âmbitos do conhecimento que as solucione. Se é um problema de vendas, buscaremos métodos e técnicas capazes de melhorá-lo. Se é um problema de emprego, fazemos currículos e os enviamos às empresas. Aprimoramos nosso currículo. Adequamo-nos às necessidades de trabalho. Se é um problema familiar, buscamos psicólogos, analistas, aconselhadores pastorais.

Possa até ser, que alguns tenham problemas maiores com as bolsas de aplicações, por ex., mas que também têm seus analistas de mercado.

Mas há perguntas que são outras. Exemplos: Como começou o universo? Onde eu estava antes de nascer? O que é a vida? O que é o tempo? Por que somos humanos em um corpo que sobre alguns aspectos parece um pouco animal? Não que estas perguntas tenham uma resposta precisa, porém, reconhecemos que suas soluções não estão na tecnologia e nem somente no conhecimento acumulado do intelecto. Voltamos às indagações da Antiga Jônia, onde Pitágoras, de Samos, se aproxima de nós.

Nunca saberemos tudo e nem alcançaremos a verdade sem praticarmos a meditação constante. É preciso encontrar respostas que sejam nossas. Que sejam cavadas em nossa mina interior. As teorias são necessárias até ao limite de que não sejam verdades absolutas e de que se tornem sementes para se buscar outras alternativas, para retirarmos os véus da ignorância, embora nos encontremos diante de um oceano de indagações.

Coloquemos em prática os mistérios da Maçonaria, através de seus símbolos, sua numerologia, seus sinais, suas palavras, suas cerimônias, pois ainda entre os maçons, encontram-se Mestres, com o mesmo quilate dos mestres do passado.

MAÇONARIA E RITOS

MAÇONARIA E RITOS

SUMÁRIO

1 - A Influencia dos Ritos em Lojas  ..............................XX

2 – Os Ritos Praticados no Brasil  ..................................XX

3 - A Eternidade dos Ritos e sua Flexibilidade  ............XX

4 - A Maçonaria e a Revolução do Pensamento  ..........XX

5 - A Maçonaria e o Iluminismo  ...................................XX

6 – Maçonaria a Partir do Século XVIII  .....................XX

7 - A Maçonaria Continua Viva  ...................................XX

8 - Conclusão


1 - A Influência dos Ritos em Loja

Uma discussão freqüente no meio maçônico é se nosso rito, em particular o Escocês Antigo e Aceito, continua íntegro ou está contaminado, por isso decidimos aprofundar um pouco esse tema, começando por definir o que é um rito:

Conceituamos rito como sendo um cerimonial próprio de um culto ou de uma sociedade, determinado pela autoridade competente; é a ordenação de qualquer cerimônia e, por extensão, designa culto, religião ou seita.

Um Rito deve ter conteúdo que consagre algumas exigências bem conhecidas: o símbolo do Grande Arquiteto do Universo, o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso sobre o altar dos juramentos, sinais, toques, palavras e a divisão da Maçonaria Simbólica em três graus. Não há nenhum órgão internacional para reconhecer ritos. Acima do 3º Grau, cada Rito estabelece sua própria doutrina, hierarquia e cerimonial.

Maçonicamente é a prática de se conferir a Luz Maçônica a um profano, através de um cerimonial próprio. Em seiscentos anos de Maçonaria documentada, uma imensidade de ritos surgiu. Mas, de 1356 a 1740, existiu um rito apenas, ou melhor, um sistema de cerimônias e práticas, ainda sem o título de Rito, que normatizava as reuniões maçônicas.

Cada rito possui detalhes peculiares. A linha maçônica doutrinária, em cada Rito, deve ser contínua, dos graus simbólicos aos filosóficos. Cada Rito é uma Universidade doutrinária.

2 - Os Ritos praticados no Brasil

Existem muitos Ritos Maçônicos praticados em todo o mundo. No Brasil, especificamente, são praticados seis, alguns deles reconhecidos e praticados internacionalmente e outros com valor apenas regional. São eles, o Rito Schröeder ou Alemão, o Rito Moderno ou Francês, o Rito de Emulação ou York (o mais praticado no mundo), o Rito Adonhiramita, o Rito Brasileiro e o Rito Escocês Antigo e Aceito (o mais praticado no Brasil) do qual comentaremos, pois se trata do praticado em nossa Loja.

O RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO, Começou a nascer na França, quando Henriqueta de França, viúva de Carlos I, decapitado em 1649, por ordem de Cromwell, aceitou do Rei Luís XIV asilo em Saint-Germain-en-Laye, para lá se retirando com seus regimentos escoceses e irlandeses e os demais membros da nobreza, principalmente escocesa, que passaram a trabalhar pela restauração do trono, sob a cobertura das Lojas, das quais eram membros honorários, o que evitava que os espiões de Cromwell pudessem tomar conhecimento da conspiração. Consta que Carlos II, ao se preparar para recuperar o trono, criou um regimento chamado de Guardas Irlandeses, em 1661. Esse regimento possuía uma Loja, cuja constituição dataria de 25 de março de 1688 e que foi a única Loja do século XVII cujos vestígios ainda existem, embora os stuartistas católicos devam ter criado outras Lojas. O termo "escocês", já a partir daquela época, não designava mais uma nacionalidade, mas o partido dos seguidores dos Stuarts, escoceses em sua maioria. Assim, após a criação da Grande Loja de Londres, em 1717, existiam na França dois ramos maçônicos: a Maçonaria escocesa e stuartista, ainda com Lojas livres, e a inglesa com Lojas ligadas à Grande Loja. A Maçonaria escocesa, mais pujante, resolveu, em 1735, escolher um Grão-Mestre, adotando o regime obediencial, o que levaria à fundação da Grande Loja da França (Grande Oriente de 1772), embora esta designação só apareça em 1765. O escocesismo, na realidade, só se concretizou com a introdução daquilo que seria a sua característica máxima, os Altos Graus, através de uma entidade denominada "Conselhos dos Imperadores do Oriente e do Ocidente". Este Conselho criou o Rito de Héredom, com 25 graus, o qual, incorporado ao escocesismo, deu origem a uma escala de 33 graus, concretizada do primeiro Supremo Conselho do Rito em todo mundo. O REAA, por ter sido um rito deísta, não foi unanimemente aceito nos países onde predominavam as Igrejas Evangélicas e vicejou mais nos países latinos onde predomina o Catolicismo. É necessário explicar que atualmente o caráter deísta do Rito Escocês Antigo e Aceito misturou-se ao teísmo, sendo que este acabou sendo predominante. O REAA tem o mesmo forte caráter teísta do Rito de York.

3 - A Eternidade dos Ritos e sua Flexibilidade

A Maçonaria é uma instituição que objetiva a felicidade humana e o aprimoramento moral e ético, dentro das leis do amor, da solidariedade, da lealdade, da fraternidade, da igualdade e da liberdade, que engloba uma visão holística no universo das fronteiras dos credos, das nações e povos.
Este procedimento que vem através dos séculos, se perpetua neste terceiro milênio, se amplia e torna-se protótipo de sociedade humana, num mundo globalizado, ensinando a aprender saber, aprender fazer, aprender relacionar-se e aprender a ser.
Assim, ela se suste nos Landmarks e nos Ritos, porque eles são eternos, não pelo fato de serem dogmáticos, mas acima de tudo, porque por inspiração divina, vieram à luz com as leis perpétuas da flexibilidade, da maleabilidade e da arte dialógica. Esta também é uma forma de arte real, porque funciona na engrenagem da dialética, na tríade da tese, antítese e síntese e assim subsequentemente até atingir ao mais alto grau de perfeição. É como o dom do ouro, que pelo fato de ser dúctil, maleável e flexível, nos permite lapidar jóias e ornamentos do mais excelso valor.

4 - A Maçonaria e a Revolução do Pensamento

Desta forma, a partir do momento em que se ocorrem grandes revoluções no pensamento humano, torna-se mister que se reinterpretem os novos dados significativos, uma vez que a própria física quântica transcende a física de Newton, sem maculá-la e nem abandona o fundador da ciência moderna, Galileu Galilei, do séc. XVII, com sua assertiva de que a leitura do universo se faz pelos caracteres geométricos, e inclusive, avançando mais, no interior deste raciocínio filosófico, o homem não perde sua essência, pela decorrência do avanço da genética, ou da tecnologia de ponta, mudando costumes e ampliando ramos de comunicação.
Imaginemos num passeio histórico, que a Maçonaria avança pelos séculos desde os legendários Cavalheiros Templários, sem perder o conteúdo de sua magia, sem derramar a taça do Santo Graal e sem perder a arte cavalheiresca de seus antigos costumes. Recordemos por exemplo, a época do próprio cientista Galileu citado acima, inaugurando um novo tempo para a humanidade. Com certeza, isto só foi possível com a colaboração dos irmãos invisíveis daquela época, que já trabalhavam em silêncio para abrir novos caminhos e possibilidades para o ser humano.
Vejamos que a tarefa de Galileu não era simples e nem fácil. Ele teve que derrubar o antigo paradigma da ciência, que se baseava nas idéias de Aristóteles, sustentadas pelos dogmas da Igreja Católica de sua época. Era necessário que ele provasse que a Terra era realmente arredondada e que ele colocasse abaixo todo o cosmo aristotélico, de que a Terra era o centro do universo, imóvel e que o mundo supra lunar era perfeito e intocável, enquanto o mundo sublunar era imperfeito. Galileu prova que a Terra é esférica, se move no espaço, não é o centro do universo, que aqui também há leis fundamentais, como a lei do pêndulo, da queda dos corpos no espaço, do início da questão gravitacional, inclusive provando com seu tosco telescópio que a lua, tinha montanhas e vales, com sombras e picos iluminados pelo sol. Todo este trabalho foi possível, devido às grandes idéias dos pré-modernos, anteriores a Descartes, contemporâneos e antes também, de Copérnico, de Kepler que provou que as órbitas celestes são elípticas.
Todo este trabalho foi possibilitado pelos nossos irmãos do passado, que nem sequer ainda eram chamados de maçons, como o caso de Giordano Bruno, queimado vivo por suas idéias a respeito de um universo infinito, gravitacional e cheio de planetas.
Chamamos a este tempo, de um grande período de transformação da humanidade, sendo também que colocamos as Grandes Navegações do século XV e do século XVI, na mesma caravela de mudanças, encorajada também por nossos irmãos do passado, pois as cruzes de malta que estampavam as caravelas são emblemas antigos de um período de nossa sociedade, que continua viva até hoje, porém da forma em que estamos agora, pois sabemos que os Cavaleiros de Cristo que carregavam a cruz de malta, nada mais eram, que os mesmos cavaleiros templários esmagados séculos antes, mas que agora encontraram em outra alegoria, uma nova forma de sobreviver e lutar por seus nobres ideais.
Época em que se debatem idéias antagônicas, como o teocentrismo em face do recente antropocentrismo, porém este último, baseado em novos conceitos, nas mãos dos cavaleiros reais, não jogou de lado a idéia de que o universo é posterior ao Ser, este Ser, mais do que necessário, mas provedor de toda a sabedoria universal, que é o Grande Arquiteto do Universo.
Relembramos que na segunda metade do século XVII, o que impera mesmo é o iluminismo rosacruz, que é o embrião da maçonaria especulativa, portanto, com inspiração hermética e rosacruz, sem perder o rito, cuja verdadeira origem é anterior à civilização latina, pois é sânscrita, vindo de rita, que significa ordem.
Mesmo que naquela época, não fosse chamada de Maçonaria e não tivesse ainda aberta nenhuma loja na Inglaterra ou França, ela sobrevivia pelos atos dos pensadores livres e por uma necessidade também daquela época, de possuir sinais de identificação, toques, palavras secretas. Quantas vezes nós já ouvimos dizer, que Leonardo Da Vinci escrevia textos com um código secreto e que também Galileu o fazia. Todos sabemos que os rosacruzes escreviam em um alfabeto próprio. Portanto a Sagrada Ordem não se retrai em seus conceitos, mas os expande como faróis, em um mundo cada vez mais transformador.

A Instituição maçônica não abandonou seu foco de trabalho, pois se  inaugurássemos uma nova ciência, uma espécie de hermenêutica dos ritos, compreenderíamos cada leitura ou releitura inclusa em suas devidas épocas. Sabemos que o desejo da verdade é um sentimento que nos aflora desde a infância. Desde pequenos perguntamos aos nossos pais, porque isto é assim, porque aquilo é daquela forma e somos pesquisadores das coisas que nos rodeiam. Buscamos a compreensão de que tudo é realmente como as pessoas nos informam e somos muito sensíveis aos enganos e mentiras. Está dentro da alma humana a fagulha divina da percepção do mundo. Quando adultos, desenvolvemos ainda mais esta capacidade de buscar a verdade e a resposta às nossas inquietações. Se perguntarmos a todos os maçons aqui presentes, se eles têm alguma dúvida de seu caminho, de suas iniciações, de seu trabalho social, de suas expectativas diante de suas reuniões templárias, todos com certeza afirmarão positivamente que estão muito satisfeitos e com plena consciência de que têm galgado uma evolução espiritual no caminho maçônico. -Quer prova mais evidente do que esta, que nós não abandonamos a essência primordial? Por que esta resposta não vem de seus lábios e sim do mais profundo de vossos corações? Por que nossos atos são sinais de nossas identificações?
Qual é no fundo o sentido principal da busca da verdade? O sentido reside prioritariamente a entendermos com a razão e o coração, o que é o mundo que nos rodeia e quem realmente somos nós, de onde viemos como seres humanos, qual nossa verdadeira missão aqui na Terra e para onde iremos?
Enfim, queremos ser felizes, não termos dúvidas, trabalharmos para o bem e encontrar um sentido  para a nossa existência. Nossos ritos nos dão tudo isto e basta vivê-los para compreendê-los. Eles não perderam a noção da senha secreta dos mistérios mais intrínsecos do universo, embora se adaptem em sua natureza externa, eles se coadunam e se correlacionam com as necessidades mais importantes do ser humano.
A nossa sociedade profana não traz condições com suas instituições para complementar tal obra no coração humano. Por mais que a escola se redefine e se reoriente, ela está aquém deste trabalho. Mesmo as instituições religiosas não conseguem atende-lo plenamente, por mais louváveis que sejam,porque elas têm seus dogmas próprios, o que é justo e respeitável. Mas a maçonaria possui as chaves secretas da leitura dos símbolos e enigmas pendurada em um chaveiro universal. O chaveiro pode até mudar em alguns aspectos de seu design, mas as chaves não mudam seus sulcos e estão sempre prontas para abrir os portais dos mistérios.
A nossa consciência é uma verdade sem dúvida e tudo aquilo que nossa consciência aceita como provável após o jogo lúdico da experiência seqüencial, não deixa fresta para incertezas.
A pergunta inicial desta tese merece um aplauso de toda a platéia. Muitas vezes as perguntas são mais importantes que as respostas. Mas uma pergunta de tal magnitude merece uma resposta à sua altura e este é o exercício que estamos fazendo com profunda reflexão nesta tese.
Os ritos não se desviaram dos seus caminhos iniciais, porque eles ainda ultrapassam as barreiras  do dogmatismo. O dogmatismo é uma atitude que nos acompanha desde crianças. É aquela crença de que o mundo existe como tal o conhecemos. Se não fosse a dúvida ou estranhamento de muitos pensadores, estaríamos ainda no período paleolítico. Foi o fato de não aceitarmos todas as opiniões e crenças comuns da sociedade e inclusive de nossas próprias idéias, que nos fez chegar à era robótica em que estamos. - Que seria da humanidade se acreditasse apenas no fenômeno? Imaginem o homem que somente crê no que vê. Como é pobre a vida deste homem. É necessário redobrarmos ao que está por detrás do fenômeno. Eu vejo o mundo, mas o que é que está por detrás de cada coisa que vejo? Só quem se debruça sobre a leitura dos símbolos, é que consegue atingir tal plenitude. E não podemos negar que todos estes símbolos ainda estão presentes em todos os templos maçônicos justos, perfeitos e regulares.
Além do mais, uma forma de ser dogmática, ela é ultra conservadora e tem medo de mudanças. Olhem, a Maçonaria é pesquisadora, expansiva e não combate as mudanças que trazem benefícios à humanidade. Todas as nossas lojas são assim e aprendemos assim em nossos ritos. Nós queremos fraternidade, liberdade e igualdade, porque evoluímos sem perder a consciência original.
A idéia que nossa sociedade ocidental tem sobre verdade, foi produzida por três culturas entrelaçadas em nós e presentes em todos os nossos templos maçônicos. Vamos verificar cada uma delas. Em grego, verdade é aletheia, que significa aquilo que não está oculto, que não se encontra escondido, que não se dissimula. Resta-nos então tudo o que aparece realmente e se compreende com facilidade pelo nosso espírito. O falso, seria o pseudos, o que está encoberto, escondido, o que parece que é, mas na verdade não é. Quem conhece algo que experimentou realmente como verdadeiro, não tem dúvida alguma.
Em latim, verdade é veritas, e tem muita relação com o que se relata, se diz, muito próprio dos réus perante os tribunais. Depende da memória, dos valores morais e éticos dos relatos.
Em hebraico, verdade é emunah e significa confiança. Tem a ver com a promessa de que aquilo que nos disseram é realmente como nos prometeram. É buscar um Deus verdadeiro, onde se deposita esperança e confiança. Portanto, se em grego verdade corresponde às coisas como são, em latim, veritas corresponde aos fatos como realmente foram e em hebraico, emunah, de que temos confiança e esperança naquilo que fazemos.
Os nossos ritos maçônicos continuam a se correlacionar com as essências primordiais do universo, sem perder os fatos delas mesmas e sem menosprezar a confiança e esperança no que estamos realizando. Então, eles são perfeitamente verdadeiros.

5 - A Maçonaria e o Iluminismo

Passam-se os séculos e uma grande reviravolta acontece no século XVIII, com a chegada do Iluminismo. Este movimento jamais teria tido sucesso algum, se não tivesse existido a Maçonaria. Só que neste momento, foi possível a abertura de lojas em diversas cidades européias, porque justamente era uma nova etapa da Humanidade. Surgem nomes como Jean Jacques Rousseau, Voltaire, Dalembert, Diderot, Montesquieu entre outros, que com certeza se alguns não foram maçons, todos foram influenciados pelo pensamento maçônico.
O lema da Revolução Francesa era Liberdade, Igualdade e Fraternidade, que são os mesmos da Maçonaria. Alguns despreparados e incautos do século XVIII, poderiam até dizer que os pensadores livres estavam se desvirtuando de seus princípios e que estavam contaminados. Só por não perceber a realidade sócio-política daquela época, onde a necessidade prioritária era a derrubada dos antigos regimes europeus, da libertação das Américas, do fim da escravidão e do assentamento de repúblicas democráticas sobre a face da Terra, que ficou realmente a cabo dos maçons e não dos críticos desinformados.
Nesta antiga maçonaria, relembremos do irmão Francisco Miranda, venezuelano, iniciado por George Washington, que proclamou com Thomas Jefferson e centenas de outros maçons, a independência dos EUA.
Nosso irmão Miranda, continuando os ideais de seu padrinho maçom, iniciou centenas de maçons latino-americanos, providenciando assim a libertação total de toda a América Espanhola. Só para ilustração desta tese, cito nomes como O’Higgins, libertador do Chile, assim como de Simon Bolívar e San Martin, os grandes libertadores, que saíram da grandeza de seu malhete num juramento e numa consagração.
No Brasil, José Bonifácio, iniciado na Europa, D.Pedro I, iniciado no Rio inauguram uma nova época com centenas de outros maçons, pela Independência do Brasil. Este processo culmina no final do século XIX, com a libertação dos escravos e a proclamação da república.
Em todo este período, a Maçonaria se adequou à época, sem desrespeitar ou fugir de seus princípios básicos e sem afastar de seus divinos mistérios e de sua linguagem hermética.
A Maçonaria não é estática, pelo contrário, ela é dinâmica e não se subtrai a um dogma, apenas coloca ritos e símbolos para que o homem os apreenda e perceba. Sendo que cada ser humano é fruto de uma cultura, de um espaço geográfico e de um tempo histórico, cabe a cada um, ao seu modo, extrair destes símbolos e alegorias suas interpretações e seus significados.

6 – Maçonaria a Partir do Século XVIII

Desde quando houve a grande Revolução Industrial no século XVIII, onde o homem deixa um pouco do trabalho manual, para o trabalho operatório das máquinas, em que o mundo sofre pelo impacto das grandes transformações sociais que advém, da transição para uma sociedade fabril, os maçons estão presentes com suas idéias de liberdade, fraternidade e igualdade, se amoldando neste mundo, conforme a linguagem que ele necessita naquele momento.
Um século depois, no alvorecer das luzes do século XX, com as grandes transformações dando início a grandes invenções como a descoberta da luz elétrica, do nascimento da indústria automobilística, do cinema, do telégrafo, do rádio, das linhas férreas, etc., a Maçonaria está também presente, conforme este período histórico.
Observa-se que neste momento são enunciadas duas grandes teses revolucionárias, sendo uma delas a descoberta do inconsciente por Freud e a elaboração da Teoria da Relatividade, por Einstein.
Foram os maçons, os primeiros a compreenderem estas novas idéias científicas, visto que seus estudos de símbolos, mistérios e suas práticas rituais, lhes abriam canais mais férteis para perceberem idéias que já eram correlatas com estudos cabalísticos dentro das lojas maçônicas.
Nestes momentos, a Maçonaria avança e pode até parecer para muitos que não estão atentos, que ela esteja se desviando ou se contaminando, por não compreenderem que no templo maçônico, encontram-se germes atômicos de muitas descobertas que ainda serão colocadas em prática pela humanidade.
Isto comprova que a Maçonaria não transmutou a idéia dos arquétipos fundamentais do Cosmo, como por exemplo, o estudo numérico, o conhecimento da cabala, as figuras geométricas como o triângulo, o círculo, o quadrado, o retângulo, que correspondem a princípios ou formas simbólicas correspondentes dos modelos cósmicos.
Tão prova que ela hoje não segue a erguer edifícios que representassem o modelo material do universo, mas transmuta ao entalhar na pedra bruta do ego humano a formosura da pedra polida do homem primordial, sem abandonar os códigos fundamentais dos antigos construtores e mantendo em guarda as práticas de identidade dos sagrados mistérios.

7 - A Maçonaria Continua Viva

Quando o (profano\neófito)iniciado bate à porta do Templo, sem seus metais, inclusa também está sua nudez de suas crenças restritas, de suas opiniões políticas, de suas teses filosóficas, para que no âmago do templo, encontre na luz de sua claridade, o veículo da universalidade, que não o deixe contaminar com o procedimento humano egoísta, unilateral e pessoal, pois está alicerçada em pleno século XXI, na coluna dorsal flexível dos Landmarks e dos Ritos.
A Maçonaria não se contaminou e continua viva, basta observarmos os próprios graus de aprendiz, companheiro e mestre e suas correlações com antigas práticas iniciáticas correspondentes ao corpo, alma e espírito universal, sendo a resultante da formação do cosmo e do espírito universal, que é o mesmo caminho evolutivo da árvore cabalística, desde o reino de Malcuth em direção a Kether e o que importa é a essência contida neste rito e não a sua pura singularidade.
Portanto, a Maçonaria não perde a profundidade da realização da antropogênesis num rito cosmogônico, para dar origem a uma nova criatura, a um novo ser, não importando a variação do rito em si, desde que não se perca o sentido espiritual da idéia maçônica.
A Maçonaria continua a renovar o homem em suas lojas, pois ele é o objeto central da criação, e que através dos ritos poderá compreender sua essência e seu destino, através de seus caminhos, suas marchas, seus toques, sinais, graus, alegorias, palavras de passes, viagens, etc. alcançar níveis mais elevados que os da vibração material, sendo esta a única realidade que não poderá ser perdida e que está acima dos mecanismos e das práticas ritualísticas.
O universo é muito imenso para compreendê-lo de uma vez só. Não é esta a intenção maçônica e nem trabalha com este fim, porque ela não se desviou de seus princípios. Tudo acontece passo a passo, grau a grau, aprendendo-se através de símbolos visuais, sonoros e gestuais a conhecer-se a si mesmo, que é a maneira mais correta de conhecer o universo. Com esta atitude, recorremos a um conhecimento socrático, do grande mestre de Atenas, do século VI a.C., sem perder sua fidelidade, pelo fato de se adaptar à época em que vivemos, pois conservamos o conteúdo espiritual.
Não é idéia da Maçonaria, transformar-se num museu de relíquias alienadas das necessidades humanas, portanto ela é ativa e atual, sem abandonar os códigos simbólicos e a tradição hermética.
Todos sabemos que a concepção de mundo de nossa sociedade ocidental, se origina em muito dos antigos gregos, principalmente Platão e Pitágoras e que estes se iniciaram nos mistérios de Thot – Hermes (mistérios do conhecimento) do Antigo Egito, que ainda era contemporâneo em seu tempo. O Antigo Egito também foi o berço de Moisés e da sociedade judaica, portanto nossa cultura é greco-judaico-cristã, cujo pano de fundo está no Antigo Egito, que é a mesma raiz da Maçonaria como um todo, que embora a variedade e releitura dos ritos, não perdeu suas essências originais.
Hoje, com o conhecimento que temos, sabemos que já não há apenas um universo, mas que existem universos múltiplos, como por exemplo, o que já se tornou habitual o discurso sobre planos paralelos, o que mostra um momento de grandes mudanças no pensamento científico. Assim, a Maçonaria não se deixa ultrapassar por seu tempo e nem se atropelar pela evolução necessária da humanidade, por isto, se adequa e se sobressai, sem deixar de ser a lendária depositária dos mistérios antigos.

8 – Conclusão

A Instituição maçônica não abandonou seu foco de trabalho, pois se  inaugurássemos uma nova ciência, uma espécie de hermenêutica dos ritos, compreenderíamos cada leitura ou releitura inclusas em suas devidas épocas. Sabemos que o desejo da verdade é um sentimento que nos aflora desde a infância. Desde pequenos perguntamos aos nossos pais, porque isto é assim, porque aquilo é daquela forma e somos pesquisadores das coisas que nos rodeiam. Buscamos a compreensão de que tudo é realmente como as pessoas nos informam e somos muito sensíveis aos enganos e mentiras. Está dentro da alma humana a fagulha divina da percepção do mundo. Quando adultos, desenvolvemos ainda mais esta capacidade de buscar a verdade e a resposta às nossas inquietações. Se perguntarmos a todos os maçons aqui presentes, se eles têm alguma dúvida de seu caminho, de suas iniciações, de seu trabalho social, de suas expectativas diante de suas reuniões templárias, todos com certeza afirmarão positivamente que estão muito satisfeitos e com plena consciência de que têm galgado uma evolução espiritual no caminho maçônico. -Quer prova mais evidente do que esta, que nós não abandonamos a essência primordial? Por que esta resposta não vem de seus lábios e sim do mais profundo de vossos corações? Por que nossos atos são sinais de nossas identificações?
Qual é no fundo o sentido principal da busca da verdade? O sentido reside prioritariamente a entendermos com a razão e o coração, o que é o mundo que nos rodeia e quem realmente somos nós, de onde viemos como seres humanos, qual nossa verdadeira missão aqui na Terra e para onde iremos?
Enfim, queremos ser felizes, não termos dúvidas, trabalharmos para o bem e encontrar um sentido  para a nossa existência. Nossos ritos nos dão tudo isto e basta vivê-los para compreendê-los. Eles não perderam a noção da senha secreta dos mistérios mais intrínsecos do universo, embora se adaptem em sua natureza externa, eles se coadunam e se correlacionam com as necessidades mais importantes do ser humano.
A nossa sociedade profana não traz condições com suas instituições para complementar tal obra no coração humano. Por mais que a escola se redefine e se reoriente, ela está aquém deste trabalho. Mesmo as instituições religiosas não conseguem atende-lo plenamente, por mais louváveis que sejam,porque elas têm seus dogmas próprios, o que é justo e respeitável. Mas a maçonaria possui as chaves secretas da leitura dos símbolos e enigmas pendurada em um chaveiro universal. O chaveiro pode até mudar em alguns aspectos de seu design, mas as chaves não mudam seus sulcos e estão sempre prontas para abrir os portais dos mistérios.
A nossa consciência é uma verdade sem dúvida e tudo aquilo que nossa consciência aceita como provável após o jogo lúdico da experiência seqüencial, não deixa fresta para incertezas.
A pergunta inicial desta tese merece um aplauso de toda a platéia. Muitas vezes as perguntas são mais importantes que as respostas. Mas uma pergunta de tal magnitude merece uma resposta à sua altura e este é o exercício que estamos fazendo com profunda reflexão nesta tese.
Os ritos não se desviaram dos seus caminhos iniciais, porque eles ainda ultrapassam as barreiras  do dogmatismo. O dogmatismo é uma atitude que nos acompanha desde crianças. É aquela crença de que o mundo existe como tal o conhecemos. Se não fosse a dúvida ou estranhamento de muitos pensadores, estaríamos ainda no período paleolítico. Foi o fato de não aceitarmos todas as opiniões e crenças comuns da sociedade e inclusive de nossas próprias idéias, que nos fez chegar à era robótica em que estamos. - Que seria da humanidade se acreditasse apenas no fenômeno? Imaginem o homem que somente crê no que vê. Como é pobre a vida deste homem. É necessário redobrarmos ao que está por detrás do fenômeno. Eu vejo o mundo, mas o que é que está por detrás de cada coisa que vejo? Só quem se debruça sobre a leitura dos símbolos, é que consegue atingir tal plenitude. E não podemos negar que todos estes símbolos ainda estão presentes em todos os templos maçônicos justos, perfeitos e regulares.
Além do mais, uma forma de ser dogmática, ela é ultra conservadora e tem medo de mudanças. Olhem, a Maçonaria é pesquisadora, expansiva e não combate as mudanças que trazem benefícios à humanidade. Todas as nossa lojas são assim e aprendemos assim em nossos ritos. Nós queremos fraternidade, liberdade e igualdade, porque evoluímos sem perder a consciência original.
A idéia que nossa sociedade ocidental tem sobre verdade, foi produzida por três culturas entrelaçadas em nós e presentes em todos os nossos templos maçônicos. Vamos verificar cada uma delas. Em grego, verdade é aletheia, que significa aquilo que não está oculto, que não se encontra escondido, que não se dissimula. Resta-nos então tudo o que aparece realmente e se compreende com facilidade pelo nosso espírito. O falso, seria o pseudos, o que está encoberto, escondido, o que parece que é, mas na verdade não é. Quem conhece algo que experimentou realmente como verdadeiro, não tem dúvida alguma.
Em latim, verdade é veritas, e tem muita relação com o que se relata, se diz, muito próprio dos réus perante os tribunais. Depende da memória, dos valores morais e éticos dos relatos.
Em hebraico, verdade é emunah e significa confiança. Tem a ver com a promessa de que aquilo que nos disseram é realmente como nos prometeram. É buscar um Deus verdadeiro, onde se deposita esperança e confiança. Portanto, se em grego verdade corresponde às coisas como são, em latim, veritas corresponde aos fatos como realmente foram e em hebraico, emunah, de que temos confiança e esperança naquilo que fazemos.
Os nossos ritos maçônicos continuam a se correlacionar com as essências primordiais do universo, sem perder os fatos delas mesmas e sem menosprezar a confiança e esperança no que estamos realizando. Então, eles são perfeitamente verdadeiros.
TESE: O RITO CONTINUA ÍNTEGRO OU CONTAMINADO?

A importância da pergunta

A qualidade da resposta





1 – Os ritos praticados no Brasil:

Rito Schröeder, ou Alemão

Rito Moderno, ou Francês

Rito de Emulação ou York

Rito Adonhiramita

Rito Brasileiro

Rito Escocês Antigo e Aceito





2 – REAA – Inicia-se na Franca, quando Henriqueta de França, viúva de Carlos I, decapitado em 1649, por ordem de Cromwell, na Inglaterra, aceitou do Rei Luís XIV, asilo em Saint-Germain-em-Laye, para lá se retirando com seus regimentos escoceses e irlandeses e demais membros da nobreza, principalmente escocesa, para trabalhar para a restauração do trono, sob a cobertura de Lojas, das quais eram membros honorários. Carlos II ao recuperar o trono cria as Guardas Irlandesas, em 1661, regimento que possuía uma Loja, cuja constituição dataria de 25 de março de 1688, e que foi a única Loja do século XVII, cujos vestígios ainda existem, embora os stuartistas católicos devam ter criado outras Lojas.





3 – ETERNIDADE DOS RITOS E SUA FLEXIBILIDADE



Rito (sânscrito – rita = ordem) – cerimonial com fundo religioso/espiritual/explicação de um mito

Símbolos visuais – sonoros – cinestésicos – símbolos geométricos – sagrados – místicos – etc.

Maçonaria uma Instituição que visa o amor e o progresso da Humanidade.

Ritos não são dogmáticos, porque são de inspiração divina, por isto são flexíveis e eternos.

Arte Dialógica e Arte da Dialética



4 – A MAÇONARIA E A REVOLUÇÃO DO PENSAMENTO

O avanço da Humanidade exige novas reinterpretações simbólicas

Física Quântica – Newton – Galileu (a derrubada da física aristotélica – os caracteres geométricos – a essência das fórmulas matemáticas)

Renascimento – Grandes Navegações – Antropocentrismo x Teocentrismo – Templários

Corporações de Ofícios



5 – A MAÇONARIA E O ILUMINISMO

Locke – defesa da igualdade

Dalembert e Diderot – Roussau – Montesquieu – Voltaire

Revolução Francesa: Liberdade – Igualdade – Fraternidade

Libertação das Colônias Inglesas e Latino-Americanas



6 – MAÇONARIA A PARTIR DO SÉCULO XVIII

Revolução Industrial – do artesanal ao fabril – necessidade de liberdade-igualdade-fraternidade

Século XX – início das grandes invenções – mudanças sociais e histórias –

Freud e a descoberta do inconsciente

Einstein e a Teoria da Relatividade

A interpretação cabalística



7 – A MAÇONARIA CONTINUA VIVA

Iniciação e a árvore cabalística

Graus Aprendiz – Companheiro – Mestre, correlação com antigas práticas iniciáticas: corpo – alma – espírito universal , inclusive com a cabala.



8 – CONCLUSÃO



Se criarmos uma hermenêutica dos ritos, teremos que buscar a lógica e a razão da verdade.

Desde criança buscamos através de perguntas aos nossos pais, respostas para o mundo que nos rodeia, pois é uma necessidade vital humana e que se desenvolve quando adultos, a busca por saber de onde viemos, quem somos, para onde vamos e qual nossa verdadeira missão nesta vida.

Nossa tradição ocidental e maçônica, tem origem nas culturas gregas, latinas e judaicas em sua maioria.

Em grego, verdade é aletheia (não oculto).

Em latim, verdade é veritas (o que se diz).

Em hebraico, verdade é emunah (esperança, confiança, o Eterno Deus).

Sendo que o caminho do homem maçônico, realiza satisfatoriamente as principais inquietações humanas, dentro do espaço sacrossanto de seus templos, usando os ritos, então afirmamos que os ritos não se contaminaram.

Os ritos podem por sua flexibilidade, devido às mudanças sociais, ao grau de tolerância, universalidade e arte dialógica e dialética, mudarem alguns dados em sua mecânica, mas não mudam a essência original que herdamos dos antigos.

A verdade, por dentro de todas as janelas de nossa cultura, cristã-greco-latina-judaica, não nos deixa nenhuma dúvida quanto a isto: em nossas casas maçônicas, os ritos não estão contaminados.

O GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO ENGLOBA A TOTALIDADE

Inicialmente proclamamos a existência do Grande Arquiteto do Universo de tal forma que ela englobe a totalidade, assim que um cristão, um judeu, um budista, um muçulmano, um hinduísta, um animista, um deista, um teista, etc. sintam-se como irmãos num templo maçônico.

A maçonaria criou um espaço ideal para a sobrevivência e a tolerância humana, sendo assim um protótipo da sociedade do futuro.

Além de todas as possibilidades que este Ente Superior nos dotou, está a inteligência, que é como um termostato para indicar o grau do bem ou do mal em que estamos imbuídos. Então a escola maçônica é um grande transformatório, porque transforma em espaço de oratório, pela vibração e condição em que está composto o templo.

Certa vez um professor disse a seus alunos: eu dou 10 àquele que disser onde Deus está. Um aluno levantou-se e respondeu: professor, eu te dou o que me pedires se me disseres onde Ele não está.

A mesma coisa é aqui na Maçonaria. Em cada canto que você toca, você toca na vestimenta do Eterno. A moral maçônica consiste nos mistérios e nas alegorias. Por aí se percebe como não é fácil ser maçom. O raciocínio é muito simples. Para você perceber o mistério e a alegoria, não basta ter somente inteligência e mente racional. É necessário ter uma intuição apurada. Neste aspecto o maçom, com toda a humildade, está na frente da humanidade. E se está na frente é para servir e não ser servido.

Outro aspecto importante é quanto ser de bons costumes e ser livre. Ora, se o maçom precisa de ter uma vida correta e digna, então ele não pode ser totalmente livre, raciocinaria um indivíduo comum.Aí é que está a diferença maçônica. A verdadeira liberdade é a liberdade no conceito maçônico. Porque o maçom é livre para fazer o que tem que ser feito e não para fazer tudo o que ele gostaria que fizesse. Esta questão de se fazer tudo o que dá na telha, deixa para os outros. Ela não cabe no conceito maçônico. O maçom não estando preso aos seus quereres, está solto para realizar o bem comum.

Quer ver um exemplo bem simples. Você está lá na sua casa num sábado à tarde, num fim de campeonato e o jogo está começando. Mas tem um amigo seu doente, tem um orfanato pra visitar e quando isto bate na sua consciência você vai com prazer visitar o amigo ou realizar a obra de caridade necessária. Sabe por quê? Porque você é maçom. Você é realmente livre.

Imagina que você está conduzindo uma charrete com duas parelhas de cavalos. Os cavalos devem ser bem conduzidos para não danificar a charrete e nem causar a destruição do cocheiro, não é? Os cavalos representam nossos sentimentos, emoções, pensamentos, ações, desejos, pretensões, quereres, etc. A charrete representa o nosso corpo físico. O cocheiro representa nossa alma. Se a alma não tem compromisso com a liberdade, a igualdade e a fraternidade, com certeza os sentimentos, emoções, etc. se desorganizarão e tudo irá por abismo abaixo, inclusive o corpo físico. Pois é, meus irmãos, o maçom é a alma que tem plena consciência de si. Por isto aqui chegamos nu e vendado, para tomar consciência de nós mesmos e não deixar as coisas caírem no abismo.

Quando estávamos lá fora, antes da iniciação, estávamos como na cabala, no reino de malkuth, do mundo físico, no mais inferior dos mundos, no campo de assiah, no reino da terra. Representado pela letra hebraica he.

Na primeira viagem, os ruídos, as dificuldades e os obstáculos além de fisicamente representarem o caos primordial e social, também podemos comparar com uma luta entre o ego e nosso eu divino. Esta luta está relacionada com o ar. É por isto que é mais perigoso o ar das palavras que saem de nossas bocas, do que o que entra. Porque o que sai de nossas bocas pode estar pervertido pelo nosso ego. Na cabala está ligado ao reino de yetzirah, mundo da formação, representado pela letra hebraica vau, com os três sefirotes: netzach (vitória, sentimentos); hod (glória, pensamentos, explendor) e yesod (energia sexual, sistema nervoso autônomo).

Na segunda viagem, passa esta luta simbólica e o candidato a maçom se banha na fé, que é agora a água e até então era o braço do ir.: exp.:, com a fé, o homem se equilibra entre os seus semelhantes.Este na cabala representa o mundo da criação, que é briah, representado pela letra hebraica he, contendo as sefirotes: guedulah ou chesed (amor, graça, misericórdia), gueburah (força, justiça e vontade) e tifaret (equilibro, beleza, eu real, aquilo quando você diz : eu tenho uma personalidade, uma forma de ser, etc.).

Na terceira viagem, o neófito anda na mansidão e procura a purificação através do fogo. Na cabala este é o mundo de atzilut, ou mundo da emanação, cuja letra hebraica é yod, sendo composto por três sefirotes: kether (coroa ou eu superior, a divindade em nós); chokmah (vontade, universal, propósito do eu maior); binah (amor universal, consciência universal, consciência do eu). Na linha que passa em atzilut, temos a sefira daath, marcando o ponto entre o individual e o universal.

Irmãos maçons, este é um aspecto da iniciação maçônica de grande profundidade, e com tudo o que foi explicado vê-se que se andou pelo nome sagrado do Eterno Yod He Vau He, o nome sagrado, o nome que não se pronuncia, o nome secreto do Eterno.

As portas em que se bate, representam a sinceridade, a coragem e a perseverança. Daí vem a luz com seus raios como pontas de espadas, como luzes da verdade

UMA LOJA MAÇÔNICA EXEMPLAR

Interessante quando inicia esta instrução com a palavra “ajudai-me”, o que denota um exemplo de humildade do Ven.: M.: Uma alerta: o maçom é reconhecido pelo S.: pelo T.: pela P.: e também pelos atos que pratica, sinais que se distribuem entre irmãos e atos que ultrapassam os umbrais da maçonaria, pois se esparzem entre a humanidade.

O aprendiz aprende a palavra soletrada, porque este é o aspecto de todo o início. Por ventura alguém constrói uma casa sem colocar tijolos sobre tijolos? Alguém aprende a falar sem os primeiros sons? Quem dentre vós não começou a andar engatinhando ou tropeçando nos primeiros passos?

Não sabeis vós que a lógica do universo, que o seu beabá, começa do átomo para a molécula, desta para a célula, desta para o sistema complexo, deste para o corpo humano, deste para a humanidade, desta para Deus? E que também do átomo para a substância, desta para a matéria organizada, desta para os corpos celestes, destes para os sistemas solares, destes para as galáxias, destas para todo o universo e deste para Deus? Aí está uma grande sabedoria da Maçonaria, escondida numa pequena instrução.

Nem nu nem vestido porque todo ser humano nasce igual e apto para realizar o trabalho moral que se representa pelo primeiro avental, trabalho este que é feito a partir de si alcançando todo o universo, assim como é constituída a loja maçônica.

A sustentação da loja sobre doze colunas é um chamado à representação zodiacal do número 12, que aparece intercaladamente em várias ensinanças dos povos, como os 12 trabalhos de Hércules, os 12 discípulos de Jesus, etc. Para os Pitagóricos o 12 tinha grande representação, pois se vós colocardes 12 moedas em redor uma da outra, no centro ficará um espaço que corresponderá a uma 13ª. moeda.

As colunas das luzes são a sabedoria (jônica) no oriente, a força (dórica) ocidente e a beleza (coríntia) no sul. A força sem beleza é estupidez. A força sem sabedoria é ignorância. A beleza sem força é fragilidade. A beleza sem sabedoria é vulgaridade. A sabedoria sem força é infantilidade. A sabedoria sem beleza é ingenuidade. O trabalho constante e harmônico destas três grandezas é maçonaria.

As figuras solicitam inúmeras explicações e não cabe ficar a noite inteira aqui falando sobre elas: duas colunas com três romãs – no livro de Rute cap.2:1 de Booz e Rute vem Obede, que gerou Jaquim, o helenita, que gerou Davi, que gerou Salomão. No seu templo Salomão relembra Booz e Jaquim, respectivamente seu avô e trisavô, pelos seus valores morais. A romã é citada 12 vezes no velho testamento, há várias cidades antigas com o nome de romã, era venerada no Egito e toda aquela região ao seu redor, é considerada afrodisíaca, símbolo de vida, de união e muito conhecida desde Abraão, Jacó, Salomão , etc.

A pedra cúbica não sai do nada, mas da pedra bruta. Os grandes escultores o único que fazem é retirar o material que sobra da pedra, para que apareça a escultura perfeita que nela já está.

Oriente e Ocidente: é o jogo das polaridades que movimenta os mundos. Os dois pontos solsticiais: o solstíco de inverno acontece em 21 de junho e o de verão em 21 de dezembro. No de inverno o dia é curto e a noite é longa, no de verão é o inverso. Lembrar que enquanto é inverno no hemisfério norte, é verão no hemisfério sul. Esquadro, compasso, nível, prumo, maço e cinzel é o básico fundamental para que a construção seja feita com sabedoria, força e beleza. Quando você observa uma casa caindo, uma parede rachando, com certeza um destes instrumentos não foi usado adequadamente, o mesmo acontece com a construção do maçom.

No pavimento mosaico com a orla dentada, reforça-se as idéias das polaridades que sustentam o cosmos, assim como também a complexidade étnica humana que deve viver dentro de uma harmonia e união. Como ele está no solo, é sobre este terreno que deverá o maçom construir e dirigir seus passos firmes e bem assentados.

Nenhum de nós alcançará o céu sem ter uma conduta na justa medida sobre a terra. Nenhum de nós estará com o Eterno, sem antes não nos unirmos como irmãos entre os homens. Nenhum de nós conhecerá a linguagem dos anjos, sem antes construirmos uma arte dialógica harmônica e pacífica entre todos. Nenhum de nós conhecerá o maná do conhecimento divino, sem antes praticarmos a arte da tolerância.

A SENDA DO SAGRADO

Meus irmãos, não é necessário ter uma extensa instrução, para se compreender a senda do Sagrado. Homens simples como Sócrates, João Batista, Vivekananda, em outros milhares a compreenderam, porque possuíam em suas consciências uma abertura para uma alma universal.

Grandes filósofos como Aristóteles, Platão, Plotino, Spinoza, Descartes, etc., cientistas como Benjamim Franklin, Newton, Einstein, entre outros, perceberam que o universo advém de um princípio uno transcendente e metafísico à mente humana.

A senda maçônica e este princípio são para aqueles que se esforçam a buscar na universalidade a síntese das regionalidades culturais, dos monologismos sociais para um encontro com um sincretismo fantástico e sobrenatural.

Pelos véus de que culto se visualiza esta ideação? Pelo culto entre Boaz e Joaquim, que não é o culto do corpo, do dinheiro, do poder, da glória terrena, dos bens materiais dirigidos ao egoísmo; pois pelas duas margens destas colunas, não correm estas águas sujas. São de bronze que é uma liga metálica de cobre e estanho, sendo o cobre vermelho, maleável e dúctil e o estanho, branco, prateado e dúctil, com sua simbologia zodiacal e uma mensagem divina, além da natureza humana. As águas limpas de sua correnteza deságuam no grande oceano do Eterno Oriente, onde ondas diversas dançam, como a igualdade, fraternidade, liberdade, caridade, virtude, sociabilidade, progresso, fé, coragem, perseverança, bem e tudo que há de bom nos braços do Grande Arquiteto do Universo.

Pelo sinal, pelo toque e pela palavra, também podemos lembrar que a presença do maçom é um sinal de libertação de todas as opressões, que o toque do maçom é como o gesto do maestro que retira sinfonias profundas e que a palavra do maçom está ligada ao verbo inicial tanto descrito no Gênesis, onde o Eterno pela palavra vai criando o universo, como em outras literaturas sagradas, assim como nos Vedas se refere a Om, e ali diz que no princípio era Ommmm, sendo correlato com João Evangelista, que também diz que no princípio era Ommm (pois ele diz o Verbo) e que Ommm era Deus e que Ommmm se fez carne e habitou entre nós.

A loja é justa, perfeita e regular não só pela lei humana, mas primeiramente pela lei celeste e aquele que é conhecedor das leis divinas, sabe que todo o Cosmo é regido por leis eternas. Assim como o universo físico é estruturado pelos caracteres da geometria, a alma do universo é organizada pela ciência secreta do Eterno. Bate-se à porta do templo e ela se abre, porque o coração de Deus não se fecha ao moribundo. Na antiguidade se dobrava o joelho esquerdo aos Reis e o joelho direito a Deus, sendo justamente este último a posição do juramento com a mão direita sobre o Livro da Lei, na esquerda um compasso aberto sobre o peito. Nosso caminho é da pedra bruta à pedra polida e das trevas à luz.

Três viagens que relembram a Pérsia, Fenícia e Egito. E viagem também faz parte da tradição sagrada. Abraão viajou de Ur, na Caldéia até a Palestina, passando pela terrível terra dos assírios (olhe aí o nosso irmão terrível), indo à terra do Egito (olhe aí a busca do conhecimento), dando dízimos a Melquisedeque (olhe aí a representação de Iavé, pois Melquisedeque não tinha genealogia humana e era Rei da Justiça), isto sem contar que o nome Abraão tem uma similaridade semântica muito grande com Bramaan e o Bramanismo. Por isto, precisamos de estudar mais profundamente estas coisas, para podermos ir além dos véus do conhecimento que nos foi passado. Da Pérsia vem o zoroastrismo, religião do Bem vencendo o Mal (Ormuz x Arimã), que pregava a ressurreição (porém não se pode entende-la ao pé da letra), o final dos tempos, caminho este que marcou profundamente o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Da Fenícia vem a arte da navegação, do comércio, pois seus entrepostos como Cartago, Sidon e Tiro iniciaram a primeira globalização terrestre. Do Egito, vem o conhecimento dos atlantes e conta-se através de Platão, que um sábio grego da época de ouro da Grécia Antiga, indo conhecer o Egito, em uma conversa com um sacerdote egípcio, este lhe disse que os gregos mais sábios para eles eram como meninos.

A espada flamígera também retoma a lógica da escada de Jacó, pelo vai e vem de sua lâmina e a árvore da Cabala. Do Venerável Mestre vem a retidão, do 1º. Vigilante a igualdade social, do 2º. Vigilante o justo julgamento: esquadro, nível e prumo. Muitos são chamados, poucos são escolhidos. Para ser doutor das leis não é necessário ser doutor dos homens, o que não impede que estes também o sejam. Mas acima de tudo é preciso ter um espírito aberto ao universal. Compreender que o mundo que vemos de nossa janela foi construído por nossa cultura ao longo dos tempos. Os outros povos também construíram as suas.

Saber que não existe uma verdade exclusiva de uma raça, um povo, uma religião, um livro sagrado. Todos os povos buscaram por esta verdade e a interpretaram conforme suas condições psicológicas e sociais. Todos os livros procuraram revela-las, seja a Bíblia Sagrada, o Alcorão, os Vedas, o Talmude, o Tora, os Upanishads, as lendas indígenas, os ritos e os mitos de todos os povos, mas somente um homem com uma mente aberta ao universal é que poderá lê-la. Talvez este homem conseguirá lê-la até nas folhas de uma árvore, nas pedras esparzidas pelos caminhos, nas estrelas espalhadas pelo Céu, nos olhares surpresos de todos os outros homens. E este homem maçom, poderá ter pouca instrução humana, mas tendo a instrução divina, será conhecedor das leis e das verdades do Grande Arquiteto do Universo.



O ESPIRITUAL VEM DO ORIENTE PARA O OCIDENTE

Do oriente ao ocidente, de norte a sul, da superfície ao centro da terra, da terra ao céu, é apoiado na expansão do Cosmos que o maçom trabalha a alma de sua pedra para que seja polida a de sua alma.

Do oriente não veio só a seda, o marfim, as especiarias, a pólvora, a essência da caravela, a cana, o café, a imprensa, etc. mas também nosso Pai Abraão e sua estirpe, Moisés, Zoroastro, Buda, Lao Tse, Confúcio, Maomé, Akenaton , o divino iluminador do Mundo, nosso Grão Mestre Jesus, que plasmou na Terra a força Crística do Universo.

Sabedoria, força e beleza num conjunto tal de um triangulo perfeito e justo. Como poderá ser sábio o homem fraco de espírito? O homem em cujas ações não existem arte? Como poderá ser forte, o homem que não for sábio? O homem cujo movimento não tenha a leveza das asas de um pássaro? Como poderá ser belo, o homem tolo? O homem que perece sob o mais simples desafio?

Ignorar não é só nada saber ou mal saber, mas é querer ir além do saber. O que aconteceu com os antigos atlantes? Eles que eram tão desenvolvidos na técnica e na ciência? Foram tragados pelas águas dos oceanos, porque quiseram ir além do saber. Suas histórias ficaram registradas com outros nomes, em diversos contos de vários povos, no nosso caso, o mestre atlante Noé da Bíblia, registrado no Gênesis e a mesma lenda do Gigante Gilgamés, da antiga Babilônia.

Aliás na antiga Babilônia, os homens querendo ir além do conhecimento, construíram uma torre ao céu. Esta torre está cabalisticamente escrita em sentido figurado. Hoje em dia também, os homens estão construindo torres, querendo por artifícios técnicos através do projeto genoma, fabricar seres humanos por si mesmos. Aprofundam-se os cientistas na pesquisa do DNA, com objetivos exclusos também. Isto é fabricar torres de Babel, para quem sabe ler, que leia e quem sabe ouvir que escute.

Nossos pais adâmicos também involuiram do contato divino ao esforço humano, expulsos do seu jardim primaveril. Quem sabe ouvir, que ouça, pois esta expulsão continua acontecendo a toda hora, com vários homens e tenhamos cuidado que não aconteça conosco. Porque estas coisas não aconteceram a milhões de anos somente, mas continuam a acontecer hoje e agora, porque os homens querem ir além do conhecimento.

Desde 1186 no Concílio de Verona, inicia-se o movimento cruel da Igreja Católica, chamado de Santa Inquisição ou Tribunal do Santo Ofício, que foi fortalecido pelo Papa Gregório IX, em 20 de abril de 1233, com a Bula Licet ad capiendos, destinando à tortura, à morte em fogueiras, quaisquer seres humanos que não fossem católicos, sejam cientistas como Giordano Bruno, queimado vivo, porque dizia que no universo brilham milhões de estrelas, ou Galileu porque afirmou que a terra era redonda e girava no espaço, enquanto a Igreja Católica afirmava que era quadrada e fixa, por isto jogou-o numa masmorra, no fim de sua vida. Este cientista Galileu, foi o fundador do mundo moderno, da nova ciência física. Sem ele não existiria Newton, nem Einstein, nem a Física Quântica e com certeza, não estaríamos no mundo tecnológico moderno.

Certamente, um espírito pesquisador, como o nosso irmão Jaime, seria queimado vivo naquela época. A Maçonaria combateu frente a frente o fanatismo, mas recebeu perseguição da Igreja, junto a Ordem Co-Irmã Rosa Cruz.

Acusações de todos os tipos apareceram. Até a solidariedade maçônica tentaram corroer. Mas a Maçonaria é como o sol, que brilha por trás das nuvens negras. É claro que se é solidário a um irmão, mas sem passar por cima dos outros cidadãos, da justiça correta, pois a Maçonaria nos ensina os valores éticos, civis e de amor à Pátria.

Também reconhecemos a liberdade de crença de quaisquer religiões e entre nós senta-se um budista, ao lado de um espírita, de um muçulmano, de um judeu, de um taoista, de um hinduísta, de um cristão. A nossa clareza mental vai mais além e respeitamos a Igreja Católica, pois sabemos que aqueles momentos não representam os valores reais desta sociedade religiosa. Não podemos confundir a Igreja Católica de São Francisco de Assis, de Santa Tereza D’Ávila, de Santo Agostinho, de Santa Teresinha de Jesus, do Papa João XXIII, do Papa João Paulo II, com aquela fase que a Igreja viveu naqueles tempos.

A Maçonaria combateu a ignorância, o fanatismo e a superstição, junto com Ordens Co-Irmãs, no período do Iluminismo, derrotando para sempre o Absolutismo Real, com homens como Jean Jacques Rousseau, Voltaire, Diderot, Dalembert, Montesquieu e outros, uns maçons, outros inspirados por maçons, donde surgiram idéias que chegaram ao Novo Mundo, com a Independência da América Inglesa, América Espanhola, América Portuguesa, libertações de escravos e instalação de República e Democracia.

Que pode haver melhor sobre a terra? E se algo não condiz, é imediatamente separado. Mas o que acontece realmente é uma sólida união, inquebrantável, um por todos, todos por um, pois aqui nós aprendemos a amar, com nossos defeitos cada vez mais burilados, com o amor de cada irmão, um só corpo, uma só alma, uma só Maçonaria, cada vez mais se aprimorando na reconstrução do homem. Nós não colecionamos prejuízos, pois nosso jogo é para ganhar e ter lucro no bom sentido para toda a humanidade. O que passou pelos dedos das mãos, passou. O que importa são as mãos que enchemos de pão, de teto, de cobertor, de saúde, de liberdade, de justiça, de igualdade e de fraternidade.

O UNIVERSO É UM TODO ORDENADO

Ficou inesquecível para mim, a apresentação desta sétima instrução, principalmente com as explanações dos irmãos, inclusive a fantástica elaboração do irmão orador, descrevendo a unicidade do ser. É a partir desta idéia do irmão orador Toniato, que retomo este trabalho. Desde os mais antigos gregos, cultivava-se a idéia de que o universo é um todo ordenado(cosmos), governado por um princípio fundamental (logos). Assim Thales, buscou uma explicação cósmica no elemento água; Anaximandro, seu discípulo, numa força cósmica ilimitada e eterna(infinito) e seu discípulo Anaxímenes, no ar(pensamentos dos séculos VII e VI a.C.), e que o cosmos continha um sentido espiritual. Para Heráclito o que significava o cosmos, era o seu objeto de estudo, ou seja seu logos. Heráclito busca uma unidade, como um princípio dinâmico, mas unidade-em-oposição, gerando o antagonismo e a contradição cósmica, enfim, todas as coisas. O cosmos é dinâmico e cada evento é único (não se entra no mesmo rio pela segunda vez, afirmava). O cosmos era um fogo eterno acendendo e se extinguindo, etc. A idéia moderna do afastamento galáctico, expansão e contração do universo, tem raízes no pensamento deste antigo filósofo.

Parmênides(séc. V a.C.), inicia o monismo, de que tudo, na realidade, é apenas uma coisa só. Parmênides busca a questão do ser. É o caminho da verdade una. O ser é, o não ser não é. Quem escolhe o não-ser (olhe aí o fatídico número 2, terrível e destruidor), perde o poder de pensar, de ser, pois ser é refletir, pois não se pode pensar acerca do não-ser, do que não é. Destas idéias surgem as distinções metafísicas entre a unidade e a multiplicidade. O cosmo é uma unidade ou uma multiplicidade? Surge também uma distinção metafísica entre aparência e realidade. Para os antigos a verdadeira realidade cósmica estava por trás das aparências, portanto surge o antagonismo entre realistas e nominalistas, os primeiros acreditam que a realidade não é como aparece aos nossos sentidos.

Por volta do séc. V e IV a.C. surge Demócrito criando a teoria atômica, com a idéia de átomos e vazio. Surge também Empédocles, que especulava o cosmos através de quatro elementos: terra, água, ar e fogo, onde tudo era combinação destes elementos e que nada poderia ser destruído, apenas recombinado. Vê-se que o quatro é o início do números. E Pitágora usava os quatro primeiros números para formar sua década perfeita, sem usar diretamente o 5,6,7,8,e 9.

Pitágoras acreditava na alma imortal, na reencarnação e numa vida correta seguindo os princípios harmônicos da matemática. Suas idéias matemáticas iniciaram o iluminismo grego. Explicarei agora a idéia dos números pitagóricos e sua década perfeita, números ímpares masculinos e pares femininos. Vemos por exemplo que o 5 é formado pelo dois que é feminino e pelo três que é masculino, é o símbolo do homem, originado do masculino com o feminino. Não é nosso objetivo acrescentar mais. Sócrates, além de sua filosofia moral, afirmava que ouvia e atendia a uma voz que falava em seu ser. Seu discípulo Platão se utiliza da trindade para decifrar a alma: parte racional, parte irascível e parte concupiscência. Também o estado ideal dividido em três classes distintas: filósofos para governá-la, guerreiros guardiães para protegê-la e massas apaixonadas e rebeldes para produzir. É a mesma divisão da alma.

Aristóteles é o primeiro a dividir o ser em dez categorias: substância, quantidade, qualidade, relação, lugar, tempo, posição, situação, ação e paixão. Cria a idéia de um motor único no universo (Deus aristotélico), que se move por si e que todas as outras coisas movem em sua direção. Ele influencia a São Tomás de Aquino, enquanto Platão influencia a Santo Agostinho. Platão através de seus escritos influencia o neoplatonismo, cujo objetivo era libertar a alma, de forma que ela pudesse se unir ao divino UM, ou Deus. Esta seria a morte transcendental do ego, vê-se aí, a terrível presença do fatídico dois, cuja morte revelaria a verdade ao recém-liberto. Plotino, um neoplatônico, dividiu o cosmos numa seqüência trina: o ponto mais alto é o UNO, o segundo é o espírito e o terceiro e mais abaixo é a alma. Ele influenciou o pensamento metafísico católico da trindade: pai, filho e espírito santo, sendo que a trindade já existia em outras religiões.

Para terminar esta instrução, repito uma frase de Galileu: “ quem conhece geometria, conhece o universo, pois ele é escrito em caracteres geométricos.” Em outras palavras: você lê um livro se conhece o idioma em que ele está escrito. Se conhecer a matemática, conhecerá o universo.

O ALVORECER DA REFLEXÃO E A MAÇONARIA

O alvorecer da reflexão se dá quando o pensamento não só pensa, mas já observa o que pensa, ou seja, o pensamento pode a partir deste momento pensar o pensamento. Tudo começou em Mileto, um porto às margens da Ásia Menor, na região da Jônia, com o filósofo Thales, perguntando “o que é isso?”, isso significando o cosmos. Buscou na água a resposta que necessitava. Seu discípulo Anaximando procurou no a-peiron, no infinito, a origem cósmica ilimitada e eterna. O discípulo deste, chamado Anaxímenes, procurou no “pneumas”, o ar, a sua elucidação. O jônico Heráclito de Éfeso, já estava à busca do logos, ou seu significado, que transcendia um princípio dinâmico. Pitágoras, que muito tem a ver com o final numérico desta instrução, formulou um cosmo essencialmente musical e geômetra. É interessante observar que ele acreditava na imortalidade da alma e que a vida correta só poderia ser alcançada seguindo a princípios matemáticos harmoniosos. Ensinou em vários pontos da Magna Grécia e ministrava suas aulas numa caverna, por trás de uma cortina. Seus ensinamentos coincidem com o final desta sexta instrução.

O ser humano sempre esteve diante de pequenas questões e de grandes questões, variando suas formas conforme suas épocas. As pequenas questões sempre encontraram respostas no senso comum, mas as grandes questões necessitam, devido à sua abrangência, de uma forma além da usual de pensar, para que sejam respondidas.

Hoje se confunde a dificuldade de se elucidar as questões intrínsecas pela quantidade maior ou menor de informações para solucioná-las. Como se vê, dá-se uma ênfase maior à busca exterior, do que à reflexão interior. Tornou-se fácil, para o pensar da maioria, responder coisas difíceis, apertando apenas alguns botões do computador e retirando dali um enunciado. Vejam: as grandes questões não comportam estes tipos de arautos do rei. Certamente que se temos questões técnicas, buscaremos ancoradouro na sistemática das informações tecnocráticas.

Se temos questões cotidianas, deveremos resolvê-las em âmbitos do conhecimento que as solucione. Se é um problema de vendas, buscaremos métodos e técnicas capazes de melhorá-lo. Se é um problema de emprego, fazemos currículos e os enviamos às empresas. Aprimoramos nosso currículo. Adequamo-nos às necessidades de trabalho. Se é um problema familiar, buscamos psicólogos, analistas, aconselhadores pastorais.

Possa até ser, que alguns tenham problemas maiores com as bolsas de aplicações, por ex., mas que também têm seus analistas de mercado.

Mas há perguntas que são outras. Exemplos: Como começou o universo? Onde eu estava antes de nascer? O que é a vida? O que é o tempo? Por que somos humanos em um corpo que sobre alguns aspectos parece um pouco animal? Não que estas perguntas tenham uma resposta precisa, porém, reconhecemos que suas soluções não estão na tecnologia e nem somente no conhecimento acumulado do intelecto. Voltamos às indagações da Antiga Jônia, onde Pitágoras, de Samos, se aproxima de nós.

Nunca saberemos tudo e nem alcançaremos a verdade sem praticarmos a meditação constante. É preciso encontrar respostas que sejam nossas. Que sejam cavadas em nossa mina interior. As teorias são necessárias até ao limite de que não sejam verdades absolutas e de que se tornem sementes para se buscar outras alternativas, para retirarmos os véus da ignorância, embora nos encontremos diante de um oceano de indagações.

Coloquemos em prática os mistérios da Maçonaria, através de seus símbolos, sua numerologia, seus sinais, suas palavras, suas cerimônias, pois ainda entre os maçons, encontram-se Mestres, com o mesmo quilate dos mestres do passado.